Recebemos este vídeo sobre “nova terapia” que promete o que todos queremos (é sempre bem aceito qualquer esperança!). Assim, com bases em evidências clínicas e experiências de 40 anos no tratamento e pesquisa sobre a ELA (esclerose Lateral Amiotrófica, Doença de Charcot), não vejo muita base científica neste relato. Descontando pequena faixa de incertezas, tanto processo degenerativos da ELA quanto de outras doenças neurodegenerativas e o envelhecimento são processos complexos e multifatoriais que ainda guardam gaps e desafios. A hipótese de uma “proteína fundamental” não me parece coerente e carece de maiores evidências de pesquisa (qualquer estudo de referência,…), sendo que na ELA não temos hoje como falar em um stop e mais ainda em regressão do quadro clínico.
Guardando natural reserva para “milagres” ou “eventos fantásticos”, para mim esse relato espetacular (!?), não parece muito sério e consistente, lembrando que a ansiedade natural diante de doenças degenerativas e irreversíveis, promove nas pessoas tendência para acreditar em “promessas de cura”. Acho que os médicos e a própria Ciência devem lidar bem com a esperança de possível terapêutica a ser disponibilizada no porvir. Esta é apenas um parecer pelo que até onde foi possível avaliar… “três vezes salve a esperança” como diz a canção do Gilberto Gil.
Ainda sobre a ELA vale lembrar que o Serviço Ambulatório Especial de Atendimento da ELA do Instituto de Neurologia da UFRJ está fazendo 40 anos (1979 – 2019) de atendimento, ensino e pesquisa (Programa Acadêmico), de atividade contínua e sem interrupção, registrando uma das maiores casuística do mundo.
Ultimamente, considerado como um “centro de referência” reconhecido pelos neurologista, registramos cerca de 1 a 2 pacientes novos por semana (terças-feiras), além de 8 a 10 de follow-up. Assim, vale ressaltar que este trabalho representa efetiva e relevante realização e contribuição médica e científica no que se refere à “terrible maladie“, a ELA…
Prof. José Mauro B. de Lima (INDC/UFRJ)